EN / PT
Galeria Luciana Brito

Regina Silveira: Mundus Admirabilis e Outras Pragas

LB News
  • 1/3

A Galeria Brito Cimino abre a exposição “Mundus Admirabilis e Outras Pragas” da artista plástica Regina Silveira, que dispõe das 3 salas expositivas para apresentar 13 obras sobre suportes diversos, oferecendo soluções multimídia, objetuais e sonoras sobre o tema das pragas históricas e míticas.

 

Nesta mostra o trabalho de Regina Silveira se utiliza de diversas metáforas visuais, exemplificadas pelo uso de imagens de animais daninhos, para comentar aspectos de deterioração e ameaça implicados na suposta permanência ou reaparecimento das pragas, na cena contemporânea. Transformadas em fábula visual sobre a atualidade, as novas versões das pragas míticas demonstram ainda conservar, nas obras da exposição,  sua capacidade de transferência e impregnação de significados. Uma vez mais a artista se utiliza das formas da arte para falar do mundo. Como ela mesma afirma:...”tratar da contextualização contemporânea das pragas pode  decorrer tanto da experiência de viver o presente como de pensar  sobre o que ameaça o futuro, em nível planetário.”

 

Na entrada e na sala principal da galeria, imagens misturadas de animais daninhos estão adesivadas às paredes e ao chão. Os insetos aparecem também em objetos de porcelana e em uma toalha com bordado em ponto cruz. Há ainda um grande ovo negro, com sonoridade que mistura mosquitos e helicópteros e um painel em porcelana aludindo à chuva de sapos.

 

Em um segundo ambiente, um poço construído em madeira exibe um vídeo de gotas de sangue pingando continuamente, fazendo referência à praga das águas em sangue. No outro espaço há a espada fincada na parede, com sua sombra paradoxal; a projeção luminosa de animais míticos, fantásticos ou ferozes, escapando de uma caixa preta, e o cilindro sonoro no qual o som dos tiros coordenado com luz faiscante é uma alusão atual e urbana à praga da chuva de granizo. 

 

Na exposição Mundus Admirabilis e  Outras Pragas os insetos gigantes que ocupam o espaço de entrada da galeria integram uma espécie de grande fábula, onde uma série de obras com diferentes meios e estratégias compõe a  narrativa. “A matriz da invenção  poética aqui é tão somente a criação de uma constelação de  metáforas visuais (com entradas sonoras) para transpor, comentar e  atualizar os vaticínios bíblicos e míticos, em alusão às pragas  de nossos tempos”, define Regina Silveira.

 

O exercício reflexivo da artista foi o de tentar entender os  significados originariamente agrários das pragas bíblicas e deslocá-los para o patamar maior dos males globais  que hoje nos afligem. No lugar de gafanhotos, granizo, peste, são sugeridas idéias sobre a contaminação  do cotidiano, a violência, a deterioração ambiental, a corrupção,  o fanatismo e congêneres.

 

Os trabalhos têm vida  independente; cada obra é uma constelação de significados  muito abertos, que se oferecem sensorialmente, sem necessidade de  legenda. Entretanto, mesmo não havendo uma seqüência determinada, a entrada no recinto da exposição é em si uma  ambientação compulsória – graças ao revestimento gráfico de insetos daninhos em grande formato, que ocupa chão e paredes da  galeria – a introdução à exposição é quase como uma injeção  de pragas - direto na veia...

 

Regina Silveira deseja que sua obra seja compreendida como metáforas, não-lineares, das vis e furiosas pragas que assolam o cotidiano, em proporções globais, no âmbito social, cultural, ambiental, colocando em risco o futuro que se mostra, a cada dia, mais inviável.

 

A Artista

 

Regina Silveira é natural de Porto Alegre, RS. Vive e trabalha em São Paulo. É Bacharel em Pintura pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, bolsista do Instituto de Cultura Hispânica em Madrid, Espanha, Mestre e Doutora pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA USP). Sua carreira docente inclui atividades na Universidade do Rio Grande do Sul, na Universidade de Puerto Rico, na FAAP-SP e na ECA-USP. Bolsista da John Simon Guggenheim Foundation, da Pollock-Krasner Foundation e da Fulbright Foundation. Em 2000, recebeu o Prêmio Sergio Motta para Arte e Tecnologia e em 2007 o Premio Bravo Prime de Artes Plásticas.

 

Regina Silveira possui em currículo diversas participações em Bienais, bem como em exposições coletivas destacando-se Re-Aligning Vision: Alternative Currents in South American Drawing (New York, Austin, Caracas, Monterrey e Miami), Brazil: Body and Soul (New York, USA), We Come in Peace… - Histoires des Amériques (Montreal, Canada), Estratégias Barrocas: Arte Contemporáneo Brasileño (Quito, Equador), Trienal Poli/Gráfica de San Juan (Puerto Rico), The Shadow (SorØ, Dinamarca), Tracing Shadows (Jerusalém, Israel) e Fantasmagoría: Espectros de Ausencia (Bogotá, Colombia). Das muitas exposições individuais realizadas no Brasil e no exterior desde os anos 60, alguns destaques são: Projectio, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal), Masterpieces: In Absentia, na Ledis Flam Gallery (New York, USA), Graphias, no MASP (São Paulo, SP), A Lição, na Galeria Brito Cimino (São Paulo, SP) e Sombra Luminosa no Museo de Arte Banco de la República (Bogotá, Colombia).

 

Nas intervenções em arquiteturas específicas estão Gone Wild, no Museum of Contemporary Art, La Jolla (San Diego, USA), INTRO, coletiva Corps en Mouvement (La Médiatine, Bruxelas, Belgica), Derrapada, no Centro Cultural de España (Montevideo, Uruguai), Irruption, em Indelible Images, no Houston Museum of Fine Arts (Houston, TX - USA), Irruption:Saga, na 6ª Bienal de Taipei, Taipei Fine Arts Musem (Taipei, China) e Mundus Admirabilis, mostra Jardim do Poder, no CCBB (Brasília, DF). Entre as instalações para espaços arquitetônicos determinados destacam-se: Claraluz, no CCBB (São Paulo, SP) Lumen (Palácio de Cristal, Museo Reina Sofia, Madrid, Espanha), Observatório, na Pinacoteca do Estado (São Paulo, SP) e Ficções, no Museu Vale do Rio Doce (Vitória, ES).

 

Em novembro de 2008, Regina Silveira participa de exposição coletiva  Blickmaschinen, com curadoria de Jose Lebrero  e Eva Schmidt, estabelecendo diálogos entre arte contemporânea e  experimentos pré-cinematograficos desde o séc XVIII. A exposição estará em Siegen, na Alemanha e, mais tarde, no Mücsarnok  (Budapeste, Hungria) e no Centro Andaluz de Arte Contemporáneo (Sevilha, Espanha). Em março de 2009, a artista inaugura exposição individual  no Museum of Sketches, em  Koege, Dinamarca, com  curadoria de Christine Buhl Andersen, diretora da instituição. Para esta  mostra planeja realizar uma  instalação concebida especialmente  para a arquitetura interior do edifício e compor um conjunto de quase  40 maquetes e desenhos preparatórios de outras obras similares,  feitas ao longo de seu extenso e reconhecido percurso. 

08.10.2008 a 29.11.2008

 

 

terça a sexta-feira, das 10h às 19h
sábados, das 11h às 17h
entrada gratuita