Para sua individual no Frac (Carquefou, França), Héctor Zamora preenche o grande salão da instituição com dezessete caravanas, cujas janelas – essas membranas semipermeáveis entre o dentro e o fora – encontram-se obstruídas por pranchas de madeira. A instalação configura-se como uma espécie de acampamento labiríntico composto por trajetos que permitem ter por horizonte apenas a próxima caravana. Concebida especialmente para a instituição, a exposição ganha em força quando, face à amplidão dos campos ao redor do museu, o adensamento de elementos no espaço expositivo torna-se ainda mais opressor.

Entre a escultura e a arquitetura, Héctor Zamora transcende o espaço expositivo convencional e gera fricções entre diversas dicotomias contemporâneas, como privado e público, exterior e interior, orgânico e geométrico, real e imaginário. Para tanto, lança mão de materiais como telhas, tijolos, cabanas e outros elementos que podem ser encontrados em periferias da América Latina ou Europa, a fim de criar instalações que encontrem ressonância no espaço em que se encontram, subvertendo seu uso cotidiano ou revelando suas facetas ocultas.

Em julho, o público de Nantes também poderá ver, nas Galeries Lafayette, a obra Brasil, em que uma pilha de tijolos se encontra em equilíbrio precário sobre uma bicicleta. Para mais informações, visite o site do Frac des Pays de la Loire.