EN / PT
Galeria Luciana Brito

Fernando Zarif: Antes de começar termino

LB News
  • 1/11

Antes de começar termino, primeira individual de Fernando Zarif (1960 – 2010) na Luciana Brito Galeria, serve como porta de entrada para explorar seu complexo corpo de trabalho, ainda pouco conhecido no país principalmente pela relutância do próprio Zarif em divulgar sua obra. 

 

Contemporâneo da chamada geração 1980, ele construiu um acervo a contrapelo das tendências de sua época, marcada pela profissionalização do mercado e um circuito cada vez mais institucionalizado das artes. De maneira independente, Zarif produziu não apenas em diversos suportes, mas também em diferentes campos culturais. Criou pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, performances, concertos, capas de discos, óperas, músicas e videoinstalações. 

 

Composta por cerca de 15 obras, a exposição Antes de começar termino – título que advém de um dos inúmeros escritos do artista – traz um recorte da produção de Zarif guiado por um olhar particularmente sensível à relevância do desenho em seu processo artístico e às inúmeras formas que esse desenhar assumia.

 

De acordo com o artista plástico José Resende, no livro Fernando Zarif – uma obra a contrapelo (Metalivros, 2014), “o cerne de sua produção se situa aí, sobretudo no desenho que desenvolve como pintura, colagem, objeto, ou seja, manifesta sua forma de ser, compreender e se relacionar com o mundo”. 

 

 

PROJETO FERNANDO ZARIF E PARCERIA COM LUCIANA BRITO GALERIA 

Fernando Zarif teve seu trabalho ofuscado, de certa forma, pela força de sua persona. A personalidade magnética e a influência que exerceu sobre artistas, músicos, atores, poetas e jornalistas de sua geração o fizeram mais conhecido do que sua obra, que ele preferia esconder do público e até de amigos e familiares. 

 

Desde seu falecimento, sua extensa produção tem ganhado cada vez mais visibilidade graças à atuação do Projeto Fernando Zarif, que foi fundado por sua família em 2011 e desde então vem restaurando e catalogando suas obras. Com o objetivo de contribuir para a difusão do legado do artista, a Luciana Brito Galeria é parceira do projeto e representante do seu espólio desde 2014.  

 

Com esta exposição, a galeria e o projeto pretendem oferecer ao público a oportunidade de entrar em contato com um recorte dessa produção ampla e plural, ainda pouco exibida se levarmos em consideração a relevância e o volume da obra de Zarif, que teve nove individuais em vida. Além da mostra na galeria, outros trabalhos podem ser vistos no projeto, que recebe  visitas com agendamento. 

 

 

ARTISTA MULTIDISCIPLINAR  

Tanto o desejo de um fazer livre e autêntico quanto a vocação multidisciplinar de Fernando Zarif já eram evidentes em seus anos de formação, quando abandonou a faculdade de arquitetura para frequentar cursos livres e aulas particulares, como de fotografia, pintura e cinema. Entre seus mentores, destacam-se o poeta Décio Pignatari, expoente do Concretismo no Brasil, e o compositor Hans-Joachim Koellreutter. 

 

Em 1982, realizou sua primeira exposição individual, no Gabinete Fotográfico, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 1983, apresentou performances no MASP e videoinstalação no MIS (Museu da Imagem e do Som). Nos anos seguintes, realizou performances, mostras e projetos musicais em locais como Sesc Pompeia, Paço das Artes e Centro Cultural São Paulo. De 1989 a 1997, teve diversas coletivas e também individuais, como no MAM do Rio de Janeiro. Em 1998, apresentou uma grande exposição na Maison des Arts André Malraux, na França. Sua última exposição foi uma coletiva do Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro, em 2009. 

 

Na música, Zarif se destacou por trabalhos com o grupo Titãs. Ele compôs músicas com a banda e criou a capa dos álbuns “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” (1991) e “Titanomaquia” (1993), dando também o título para este disco, inspirado na batalha dos Titãs da mitologia grega.

A mostra reúne cerca de 15 obras que revelam a importância do desenho em seu processo artístico. Falecido em 2010, o artista tem sua múltipla produção recuperada e catalogada desde 2011 pelo Projeto Fernando Zarif.

 

Abertura: 19 de setembro (sábado), das 14h às 19h

Exposição: 22 de setembro a 12 de novembro