Eder Santos: Cinema
Eder Santos é um dos precursores da arte em vídeo no Brasil, explorando essa mídia desde a década de 1980. Premiado nacional e internacionalmente por sua obra videográfica, e, mais tarde, por suas videoinstalações, participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, tanto no Brasil como no exterior. Seus trabalhos fazem parte de destacadas coleções, como a do Centre Georges Pompidou, em Paris, e a do Museum of Modern Art em Nova York, além de figurar em importantes acervos nacionais.
Seja introduzindo ruídos e interferências similares aos do cinema antigo ou comprometendo o equilíbrio da imagem apreendida, Eder Santos utiliza-se dos aparatos técnicos para conferir um caráter extremamente poético e vibrante a seus trabalhos. Segundo Solange Farkas, as obras do o artista “fundem elementos pessoais, culturais e tecnológicos, que reinterpretam temas relacionados às heranças culturais brasileiras e evocam os ritmos e as texturas da memória e da história.”
A seleção de obras apresentadas na Luciana Brito Galeriadestaca três obras notáveis da produção cinematográfica do artista :
- Em Cinema (2009) o artistaapresenta cenas triviais de uma cidade pequena através de seu olhar poético sobre o mundo. Interferências sutis, imagens que saem de foco e diferentes velocidades de transição entre as imagens remetem ao tempo que passa.O céu muda de cor lentamente, a luz piscante de um poste cria uma atmosfera tensa – algo está para acontecer.Ocurta-metragem realizado em HD, participou em 2010 do International Short Film Festival Oberhausen, na Alemanha, e do International Film Festival Rotterdam, na Holanda.
- A Delicadeza do Amor (2004), curta-metragem 35mm vencedor do Prêmio Petrobrás, é baseado em conto de Sandra Duarte Penna e tem Milhem Cortaz e Maria Luisa Mendonça no elenco. Neste filme, Eder Santos explora as diversas dimensões afetivas de uma relação amorosa.
- Enredando as Pessoas (1995), primeiro longa-metragem em 35mm, refaz a trajetória mística de um profeta das imagens com o poder de projetar suas visões nas superfícies enquanto peregrina pelo mundo. A obra teve première no Museum of Modern Art, em Nova York, e foi premiada no Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, em Havana, Cuba e no Festival et Forum International des Nouvelles Images, em Locarno, Suíça. O crítico Arlindo Machado comenta que, em Enredando as Pessoas, “há mesmo uma referência metafórica a ‘civilizações controladas pelas imagens’, que se deixam invadir por elas, contaminar-se por elas, mobilizar-se por elas, como as religiões lograram concretizar até algum tempo atrás.”
Na vídeoinstalação Distorções Contidas II (2010), em exposição no espaço Galeria 2 da Luciana Brito Galeria, o artista interpreta, à sua maneira, obras emblemáticas de Marcel Duchamp como Nu descendo a escada e A noiva despida pelos seus celibatários, mesmo (O grande vidro)através da imagem fragmentada de uma mulher descendo a escada, refletida no interior envidraçado de caixas de madeira.
Três de quatro obras apresentadas na exposição têm trilha assinada pelo artista sonoro Stephen Vitiello, o que demonstra a grande preocupação com a ligação da imagem ao som nas obras de Eder Santos.
Parceiro de longa data, Stephen Vitiello interessa-se pelo aspecto físico do som e seu potencial para definir a forma e atmosfera do espaço, criando instalações e performances que exploram a experiência audiovisual dos visitantes nestes ambientes. Além de ter participado de exposições em instituições como a Tate Modern e o PS1 Contemporary Art Center, o artista compôs trilhas para filmes independentes, vídeos experimentais e instalações, tendo colaborado com artistas como Nam June Paik e Dara Birnbaum.
Especialmente produzido para a ocasião, o catálogo da exposição compila a produção cinematográfica de Eder Santos e suas mais notórias videoinstalações. A publicação conta com entrevista com o artista pelo curador Jacopo Crivelli Visconti.
Sobre o artista
Recentemente, Eder Santos apresentou ao público a dimensão da originalidade de sua obra na mostra retrospectivaRoteiro Amarrado, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil. Participou também da mostra individual Suspensión y Fluidez, em 2008,onde utilizou a torre do edifício do Canal de Isabel II, antigo depósito de água de Madri, como suporte para suas projeções de vídeo, e, em 2003, da itineranteEnciclopédia da Ignorância / The Encyclopedia of Ignorance, exibida em São Paulo, na Galeria Brito Cimino, no World Wide Vídeo Festival, na Holanda e também no University of Virginia Art Museum nos EUA.
Fazem parte de seu curriculum as mostras coletivas Braaaasiiiilno Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madri, Espanha, 2008), XVII Bienal Internacional del Deporte en el Arte (Gijón, Espanha, 2007), 80/90 Modernos, Pós-modernos, etc.no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007), IX Bienal de La Habana, (Havana, Cuba, 2006), VIII Biennale d’Art Contemporain de Lyon (França, 2005) e Rede de Tensão: Bienal 50 Anos na Fundação Bienal de São Paulo (2001), entre outras.
Em 1985, Eder Santos fundou a produtora Emvideo, que tornou-se referência para artistas de vídeo. Desde 1983, foi convidado para todas as edições do respeitado festival VIDEOBRASIL, e foi um dos realizadores do ForumBHZVideo, evento que introduziu a videoarte ao público de Minas Gerais. Recebeu prêmios como VI International Competition of Media and Architecture, na Áustria (2004) e Prince Claus Fund for Culture and Development, na Holanda (2003). Conquistou bolsas de estudo e apoios culturais de entidades como a Vrije Academie (Holanda), Fundação Vitae de Apoio às Artes, o Danish Film Institute Workshop Festival (Dinamarca) e as Fundações Rockefeller, MacArthur e Lampadia (EUA).
Sua obra figura em importantes coleções internacionais, como Caixa Geral de Depósitos (Lisboa), Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami), Centre Georges Pompidou (Paris) e Museum of Modern Art (Nova York), e nacionais como a Coleção Itaú (São Paulo), Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
No momento, Eder Santos prepara mostra individual no Museu Vale, exaltando sua trajetória consistente e precursora, e trabalha na produção das filmagens de seu segundo longa-metragem de ficção científica, O Deserto Azul, que começa a ser produzido em Brasília.
01.07.2010 a 31.07.2010
terça a sexta-feira, das 10h às 19h
sábados, das 11h às 17h
entrada gratuita