Geraldo de Barros | Jogo da Memória

Luciana Brito Galeria, São Paulo, 2025
4 Novembro 2025
A memória, como se sabe, é seletiva. Feita de camadas de uma vida, ela guarda o registro da vida, organização. Ou melhor, defesa do inconsciente. Vazio, cheio, vazio, cheio, a memória. Na memória, o vazio nunca é um nada, sempre sobra alguma coisa. (Trecho introdutório do documentário Sobras em Obras, de Michel Favre, 1999).
 
A Luciana Brito Galeria apresenta Jogo da Memória, mostra inédita de Geraldo de Barros (1923–1998), organizada pelo Arquivo Geraldo de Barros (Fabiana de Barros e Michel Favre). A exposição reúne, pela primeira vez na história, a coleção completa da série Sobras (1996–1998 / 2024), a derradeira pesquisa do artista brasileiro, considerada um marco experimental em sua trajetória. O conjunto completo abrange 281 peças, cuja disposição no espaço expositivo convida a uma leitura expandida da complexidade da prática fotográfica de Geraldo de Barros.
 
No pavilhão da galeria, sob a direção do Arquivo Geraldo de Barros, organizado por Fabiana de Barros e pelo cineasta suíço Michel Favre, e parceria de Ricardo Amado, a instalação de Jogo da Memória convida o visitante a uma viagem pela prática do artista, projetando novas relações entre as Sobras, os vazios dos recortes e as múltiplas camadas de tempo e lembrança que atravessam sua obra. O jogo proposto é também um convite à imaginação — um exercício de reconstrução em que o olhar do público se torna parte ativa do processo criativo, prolongando a vida das imagens e, com elas, a memória do próprio artista.