Bosco Sodi: Voragine

A abertura da primeira individual do artista mexicano Bosco Sodi (Cidade do México, 1970) no Brasil, inaugura também o novo ano de exposições na Luciana Brito Galeria. Intitulada Voragine [Voragem] a exposição acontece no dia 1º de abril (sábado). A mostra ocupa todo espaço expositivo da galeria e traz trabalhos inéditos do artista que explora em sua poética a relação entre natureza e cultura.

A palavra Voragine [Voragem] que dá titulo à exposição, tem sua origem no latim, significa em termos gerais consumo violento, sendo mobilizada pelo artista como metáfora ao modo de vida ocidental onde a busca desenfreada por consumo e informação anda de mãos dadas com a destruição/deterioração tanto do ambiente quanto da civilização. Nesse sentido, além de metáfora a exposição se coloca como crítica a essa conduta tipicamente contemporânea, propondo através dos trabalhos apresentados, uma reflexão. O trabalho de Bosco Sodi, poderá ser visto na exposição em suas mais diversas expressões, seja em telas seja em esculturas ou ainda sob a forma de instalação.

Em Voragine [Voragem], Bosco Sodi apresenta, nos nichos de vidro que delimitam os jardins internos da galeria, uma instalação inédita composta por pequenas pedras vulcânicas extraídas do vulcão Ceboruco no México e banhadas em esmalte cerâmico de ouro. O ouro ganha um sentido polissêmico na obra, aludindo tanto a exploração e destruição que marcaram a historia social desse metal, como sua simbologia relacionada a pureza e a perfeição.

Serão mostradas, no anexo da galeria, uma serie inédita de telas feitas sobre linho. As telas produzidas pelo artista são compostas por substâncias como minerais e pigmentos naturais e são obtidas através de reações químicas. Pela primeira vez sobre linho, as telas que compõem a mostra apresentam um efeito diverso daquele obtido em lona, possibilitando a apreciação mais imediata dos efeitos dessas reações e chamando atenção para suas complexas texturas.

As obras de Bosco Sodi são, para todos os efeitos, excertos do mundo natural transformados pela ação humana, onde a intencionalidade do artista, embora necessariamente presente, trabalha em parceria com as contingencias da natureza. Ainda que se possa argumentar que em todo o trabalho humano a natureza está inexoravelmente presente, no caso de Bosco Sodi os efeitos desta interação não são somente presentes como exercem um papel fundamental na produção do artista, uma vez que são além de consentidos desejados.

Sobre Bosco Sodi

Bosco Sodi nasceu na Cidade do México em 1970. O artista participou de exposições em uma vasta gama de instituições internacionais, incluindo as mostras individuais recentes na Fundacion Antonio Perez e Cuenca, na Espanha (2016), no Instituto Valência de Arte Moderna em Valência Espanha (2013) e Omni no Museo Dolores Olmedo, na Cidade do México, no México. Em 2016 participou da coletiva Wirikuta que contou com a curadoria de Nicolas Bourriaud. Outras exposições incluem Pangea (2010) no Bronx Museum, NY, Un largo camino a casa (2011) na Galería Hilario Galguera, México, e Ubi Sunt (2011) em Pace, em Nova York. O trabalho de Sodi pode ser encontrado em várias coleções públicas e privadas, incluindo o IBM Building, em Nova York; A Coleção De La Cruz, Porto Rico; Coleção Jumex, México DF; Deutsche Bank Collection, Frankfurt; Fundação Godia, Barcelona; E MIAAO (Museu Internacional de Obras Aplicadas Oggi), Turim, Itália, entre outros.