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Galeria Luciana Brito

Campana | Eu Escuto

LB News
  • Campana, “Estante Paineira”, 2023, adobe e ferro, 148 x 190 x 48 cm, ed 1/8 + 2 P.A.
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A Luciana Brito Galeria apresenta “Eu Escuto", a segunda mostra do Estúdio Campana na galeria. A mostra reúne um conjunto inédito de trabalhos que reforça o DNA Campana e, sobretudo, reflete a produção de Humberto Campana dois anos após a partida de seu irmão e co-fundador. “Eu Escuto”, dessa forma, resgata a memória de Fernando Campana, em uma homenagem que celebra seu legado e remete ao início da trajetória da dupla.

 

Mais de 20 trabalhos compõem a exposição na Sala Modernista da galeria, em um diálogo com o espaço que evoca a identidade brasileira. O conhecimento vernacular e as técnicas artesanais têm sido elementos preciosos para a pesquisa dos Campana, sendo aqui revisitados por Humberto Campana, que se mantém fiel à essência de materiais como o bambu, a terracota e o ferro, e atribui um olhar mais espiritualizado, apontando para um novo momento criativo. Ele explica: “esse período de dois anos exacerbou meus sentidos de maneira muito profunda. O silêncio e a reflexão sobre o aprendizado da história que tracei com Fernando me mostrou que, essencialmente, aprendemos a ouvir um ao outro. Não necessariamente em concordância, porém sempre abrindo espaço para o olhar de cada um. Hoje, eu posso dizer que continuo ouvindo e aprendendo com ele através de sonhos e memórias de tantos anos trabalhando juntos, o que talvez explique a explosão de ideias destes últimos anos".

 

A terra é o material condutor da mostra “Eu Escuto", utilizada na grande maioria dos trabalhos, como na coleção “Totem”composta pelas peças “Macaúva” (2023), Facheiro (2024), Caliandra (2024) e Imburana (2024) que remetem aos xamãs e divindades. Eles representam o encontro com o sagrado e, historicamente, simbolizam a ancestralidade e a espiritualidade, além de afirmar a interdependência dos seres humanos com a natureza. A tradição milenar do totemismo, enraizada fortemente entre os povos indígenas da América do Norte e de regiões da África, da Oceania e da Ásia, é trazida para a modernidade pelas mãos do artista como símbolos da diversidade cultural e espiritual. Batizados com nomes de plantas do cerrado, os totens foram produzidos com terracota, acompanhada de variações de metal e palha, servindo como altares onde depositamos símbolos do nosso afeto e tudo mais que queremos proteger.

 

Outra técnica utilizada, o adobe na arquitetura carrega a tradição do fazer manual e da sabedoria popular. A partir da combinação de terra e fibra vegetal, esse método foi aplicado pelo Estúdio Campana nas peças utilitárias “Console Figueira” (2023), “Estante Paineira” (2023) e “Armário Adobe” (2024). O bambu, outro material essencial na cultura vernacular brasileira, volta a ser utilizado pelo Estúdio Campana. Material versátil, resistente e de fácil acesso, o bambu aparece em uma nova disposição das tramas na nova coleção “Faquir” composta da “Estante Faquir” (2024) e “Banco Faquir” (2024), com textura aerada e que permite a passagem da luz. A mostra traz também a luminária de bambu e alumínio, “Chandelier Umburuçu” (2024). 

 

“Eu Escuto” reúne, ainda, a dupla de tapetes “Antiqua” (2024) e “Marc” (2024). Produzidos com seda e algodão, eles foram fabricados artesanalmente em Guatemala, por meio de técnicas ancestrais da região de Antiqua. Além disso, a mostra apresenta a “Poltrona Raízes” (2023), uma nova reiteração da série, feita com sobras de pele de carneiro que sugerem a textura dos musgos das árvores.

 

Humberto Campana assina também um conjunto inédito de desenhos, que evoca a conexão com a vida e sua capacidade de regeneração. As formas de células, que se transformam em estruturas vivas imaginárias, fazem alusão à multiplicação, vibração e movimento das espécies. Já as séries “Folhas de Bronze” (2014) e “Animais Híbridos” (2017), trabalhos solo de Fernando Campana, foram produzidos durante o período de prototipagem de coleções com a temática de hibridismo realizadas em estúdio, e que representam a independência criativa do artista.

 

Na ocasião, o acervo da galeria também contará com duas obras do Instituto Campana, “Coração Coroado” (2024) e “Anel de Capacho” (2017-2024), relançado em edição comemorativa dos 40 anos do Estúdio Campana. O anel é resultado da investigação sobre o hibridismo entre culturas e materiais naturais de diferentes temperaturas e têm renda destinada ao trabalho filantrópico de programas educativos da instituição. A escultura “Coração Coroado” une elementos significativos do universo Campana, desde o ponto de vista simbólico e em termos dos materiais que a compõem. A pedra natural foi retirada do recém-inaugurado Parque Campana, localizado em Brotas, onde Fernando e Humberto Campana cresceram. A conexão direta com a terra e origem dos irmãos, é aninhada por rebarbas de alumínio reciclado, utilizando uma técnica explorada por Fernando e adotada por Humberto.

abertura: 23 de novembro, das 13 às 17h

visitação: de 23/11/2024 a 20/12/2024

segunda, das 10h às 18h; terça à sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h