Marina Abramovic: Back to Simplicity

Luciana Brito Galeriainaugura no dia 18 de novembro a exposição Back to Simplicity, de Marina Abramovic. Nascida em Belgrado, ex-Iugoslávia, em 1946, Abramovic tem contribuído de maneira fundamental, ao longo demais de três décadas de carreira, para a consolidação da performance como forma de expressão artística. Desde a década de 1970, seu trabalho vem explorando e testando, através de inúmeras performances, os limites humanos, tanto físicos quanto mentais. No Brasil, a artista participou das Bienais de São Paulo de 1981, 1985 e 2008; da Bienal do Mercosul, em 2005; da exposiçãoÉpico Erótico dos Bálcãs, realizada no SESC-SP em 2006, com curadoria de Adelina von Fürstenberg; e da individual Transitory Object for Human Use, realizada na Galeria em 2008.

Além de um conjunto de obras históricas, que inclui vídeos e fotografias que registram performances realizadas a partir dos anos 1970, Abramovic irá apresentar trabalhos das séries “The Kitchen” (2009) e “Back to Simplicity” (2010).

“The Kitchen” é um conjunto de vídeos e fotos realizados na Espanha, nos espaços abandonados da cozinha (um extraordinário projeto arquitetônico construído durante o regime de Franco) de um convento de freiras da ordem dos Cartusianos, que, durante o período de atividade do convento, chegou a alimentar mais de 8.000 órfãos. O trabalho nasce como uma homenagem a Santa Teresa de Ávila, que em seus escritos relata uma experiência de levitação mística na cozinha, mas se torna, em primeiro lugar, uma obra autobiográfica, considerando que, como a própria artista diz em entrevista incluída no catálogo: “Durante minha infância a cozinha de minha avó era o centro do meu mundo: todas as histórias eram contadas na cozinha, todos os conselhos em relação a minha vida foram dados na cozinha, todo o futuro adivinhado através das xícaras de café preto que tomávamos na cozinha. Era realmente o centro do mundo para mim, e todas as minhas melhores lembranças vem deste lugar”.

A série “Back to Simplicity”, o trabalho mais recente da artista, ainda inédito no Brasil, surgiu da necessidade de retomar um contato com a natureza, em suas formas mais simples e imediatas, após a catártica experiência da performancerealizada no âmbito da sua recente individual no MoMA de Nova York, com três meses de duração, intitulada The Artist is Present. Nas palavras da artista:“depois de ter olhado 1675 pares de olhos, de ter vivido aquela incrível conexão humana, precisei me conectar com a natureza. (...) Estar em baixo de uma árvore, segurando um cordeiro por dois dias, em completa alegria, é sobre isso que Back to Simplicity trata”.

Back to Simplicity ocupará todos as salas da Luciana Brito Galeria. Um catálogo incluindo uma entrevista com a artista e dois textos críticos relevantes sobre sua obra, ainda inéditos em português, será publicado e distribuído gratuitamente aos visitantes, e posteriormente a bibliotecas e museus, tornando a obra da artista acessível a um público ainda maior.

Sobre a artista

Nascida em 1946 em Belgrado, na ex-Iugoslávia, Marina Abramovic é sem dúvida uma das artistas seminais de nossa época. Desde a década de 70, quando iniciou carreira artística em seu país natal após cursar a Academia de Belas Artes, em Belgrado, Abramovic é considerada pioneira do uso daperformance como forma de arte visual.

O corpo humano sempre foi seu tema e meio expressivo. Ao explorar os limites físicos e mentais de seu próprio ser, ela sujeitou-se à dor, à exaustão e ao perigo, em busca de transformação espiritual e emocional. A artista interessa-se pela produção de obras que ritualizam ações cotidianas como deitar, sentar, sonhar e pensar – na verdade, a manifestação de um estado mental especial. Integrante vitalícia de uma geração de artistas pioneiros da performance art que inclui Bruce Nauman, Vito Acconci e Chris Burden, Abramovic criou alguns dos trabalhos de maior valor histórico nesse campo, e  é a única expoente desse seleto grupo que, até o dia de hoje, continua engajada em primeira pessoa na realização deperformances.

De 1975 a 1988, Abramovic e o artista alemão Ulay trabalharam juntos, explorando as possibilidades oferecidas pela criação conjunta. Após separarem-se, em 1988, Abramovic retomou as performances individuais. Seus trabalhos foram expostos em grandes mostras internacionais tais como a Bienal de Veneza (1976 e 1997) e a Documenta (edições VI, VII e IX) em Kassel, Alemanha (1977, 1982 e 1992, respectivamente). 

Além do seu trabalho artístico, Marina Abramovic atua intensamente como professora e palestrante, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Em 2004, foi agraciada com o título de doutora honoris causa do Art Institute, em Chicago.

Recebeu o Leão de Ouro para Melhor Artista na Bienal de Veneza de 1997 por sua extraordinária vídeo-instalaçãoBalkan Baroque e, em 2003, o Prêmio Bessie por The House with the Ocean View‚ uma performance que apresentou durante 12 dias na Sean Kelly Gallery, de Nova York.

Em 2005, Abramovic exibiu Balkan Erotic Epicna Fundação Pirelli, em Milão. Naquele mesmo ano, apresentou uma série de performances intitulada Seven Easy Pieces no Guggenheim Museum, em Nova York.

Recentemente, Abramovic participou da exposição “The Artist is Present’, uma retrospectiva de seus trabalhos organizada pelo MoMA (NY). Durante três meses a artista permaneceu sentada diariamente, durante todo o período de funcionamento do museu, à disposição do público que quisesse compartilhar da experiência da performance.

Entre os próximos projetos que serão apresentados pela artista estão a estréia de uma peça de teatro, dirigida por Robert Wilson, em 2011, e a abertura do M.A.I ( Marina Abramovic Institute), em 2012.

Trabalhos de Marina Abramovic integram várias das mais importantes coleções públicas em todo o mundo, como Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA; Musée National d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris, França; Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; the Van AbbeMuseum, Eindhoven, Holanda; the Irish Museum of Modern Art, Dublin, Irlanda; e Kunstmuseum Bern, Berna, Suíça, entre outras.