EN / PT
Galeria Luciana Brito

Leandro Erlich: O Consultório do Psicanalista

LB News
  • 1/2

Artista de destaque crescente em bienais e grandes mostras contemporâneas do circuito de arte no oriente e ocidente, Leandro Erlich vem a São Paulo para sua primeira mostra individual (ele esteve aqui antes para a Bienal de São Paulo, de 2004, e também na primeira edição da Bienal do Mercosul). O Consultório do psicanalistaé montagem realizada especialmente para a Galeria Brito Cimino, que de 15 de agosto a 16 de setembro terá toda a sua arquitetura transformada pela instalação da obra.

 

O artista conceitual argentino de 33 anos é autor de ambientes em escala humana que, apesar do conteúdo crítico e da marca contemporânea do estranhamento, tem sido bem recebido pelos diferentes públicos (de crianças a grandes curadores), com o mesmo entusiasmo. Seus principais suportes são a instalação, a performance (normalmente desenvolvida com a participação do espectador), o vídeo e a fotografia.

 

Erlich vem a São Paulo depois de montar quase sem intervalos exposições na França, na Itália, na Espanha e no Japão – onde acaba de exibir seu Le Bâtiment, grande estrutura de espelho que reflete um edifício projetado do chão, de maneira que o público se enxerga em situações impossíveis sobre as paredes da construção. Essa obra (originalmente exibida em Paris, em 2004) estará representada em imagem fotográfica.

 

Da mesma maneira, O Consultório do psicanalista é um trabalho, que, em um primeiro momento, causa impacto pelos jogos de ilusionismo que subvertem a percepção espacial do espectador. Mas que no momento imediatamente seguinte, é revelado. "O truque não é importante para mim. O que me interessa é causar leituras e percepções diferentes no público".

 

Desorientando completamente a percepção espacial de quem entra na galeria, o trabalho faz com que o visitante se veja num simulacro de um consultório de psicanálise – tanto no "papel" de paciente como no do profissional –, mas de maneira fantasmagórica, com o reflexo criando uma imagem que quase some sobre o fundo.

 

O artista explica que a idéia nasceu da constatação de que sua cidade natal – a capital argentina – passa hoje por uma espécie de febre psicanalítica,  semelhante a que São Paulo assistiu nos anos 70. Mas foi somente com a observação de um visitante da versão francesa da obra – um psicanalista, por sinal  – que o artista se deu conta que o conteúdo do comentário ia além da crítica ao modismo. "Ele viu no trabalho um conceito de [Jacques] Lacan que eu não conhecia: a travessia do fantasma, que é algo que de fato está imageticamente representado no trabalho." A tal travessia, a grosso modo, é o percurso pelo qual evolui a auto-imagem dos pacientes da terapia lacaniana.

 

O ilusionismo criado por Erlich, de fato, gera num primeiro momento um fascínio quase infantil. No único objeto que levará à exposição, ele cria uma fissura em um espelho – que nem ao menos existe.

 

A criação de falsos espelhos é, aliás, uma de suas especialidades. E o truque é muito mais interessante de desfazer quando se está em sua frente. É um artista que desmascara a fragilidade da ilusão por meio de estratégias que emprestam as escalas da arquitetura e a artificialidade da fotografia e do vídeo.

15.08.2006 a 16.09.2006

 

 

terça a sexta-feira, das 10h às 19h
sábados, das 11h às 17h
entrada gratuita