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Galeria Luciana Brito

Liliana Porter: To See Blue

LB News
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A Galeria Brito Cimino inaugura a mostra individual de Liliana Porter intitulada To See Blue. A artista apresenta 20 obras inéditas, entre elas fotografias, pinturas, instalações e vídeo. Liliana Porter diz que “queria ver o trabalho em um contexto diferente. Acredito que o que importa é ver como ele muda de acordo com o local onde é exibido, com o modo que é organizado, para quem e como é mostrado”.

 

A imagem básica na obra de Liliana Porter procede da cultura de massa, de figuras criadas neste círculo e por ele utilizadas, desde personagens de desenhos animados a ícones políticos e religiosos. Figuras diferentes em forma e conteúdo convivem sobre fundos neutros, que indicam que elas existem em um mundo autônomo e que não são metáforas do nosso.  Ressalta José Luiz Blondet: “o que é é somente o que é. E não é nada. Daí o sentido esperançoso e trágico ao mesmo tempo. As situações são fáceis de entender e ler. Estão claramente delineadas e não há distrações ao redor.”

 

To See Blue conta com obras que “dignificam” os suvenires e brinquedos escolhidos por Liliana Porter graças a seu potencial para inesperadas e humorísticas alterações. Em Please Don’t Move, por exemplo, as personagens parecem vestidas para a ocasião e posam para a câmera, como em autênticos retratos de estúdio. Em Reconstruction, a fotografia de um pingüim de porcelana despedaçado é apresentada ao lado do mesmo pingüim, que descansa ileso sobre a prateleira. Segundo a artista, já que “tudo vai tão freqüentemente às ruínas e ao desuso, esta reconstrução absoluta pode se tornar uma esperançosa metáfora”.

 

Com relação às pinturas, a artista afirma que “ao pensar na tela, todos imaginam uma situação diferente da que crio”. Suas pinturas levam adiante a constatação de que não há uma linha precisa entre imagem e representação, entre espaço real e virtual, ignorando os limites da tela, lançando-se para fora, ocupando a própria parede ou o trabalho vizinho. José Luis Blondet comenta que “Porter pinta os fundos quase invisíveis das telas para fazê-las mais visíveis como suporte da ação, como silêncio que acompanha o diálogo”.

 

As instalações da série Forced Labor apresentam minúsculas estatuetas desempenhando grandes papéis, legitimando a humanidade que sempre tiveram: uma senhora varre uma vasta superfície, outra costura um tecido maior que ela própria, um homem pinta uma grande área da parede da galeria. “Esta desproporção se refere ao desequilíbrio entre nossa sabedoria e a explanação fundamental, entre o que compreendemos e o que nos escapa”, conta a artista.

 

O vídeo escolhido para a exposição, Fox in the Mirror, foi concebido como um concerto. Os protagonistas são objetos inanimados (estatuetas e bonecos de terracota, cerâmica ou plástico), representando bailarinas, cantores e músicos. O vídeo está estruturado nos seguintes segmentos: Preliminares, Ensaio, Primeira Parte, Intervalo e Segunda Parte. As cenas aludem brevemente a questões do tempo e da língua, assim como da morte e da violência. São figuras que vão do terno ao cômico, ao patético, e até mesmo ao arrepiante – de recém-casados a soldadinhos nazistas. A trilha sonora é assinada por Sylvia Meyer, que colaborou anteriormente em outros vídeos de Liliana Porter.

 

“Como não sorrir perante um diálogo entre uma raposa e uma cegonha? Como não se exasperar levemente diante de uma conversa entre a cigarra e a formiga? Como não se perguntar: desde quando as raposas gostam de uvas? A aparente singeleza do gênero pode se converter em seu aspecto mais letal”. (José Luis Blondet, 2008).

 

Liliana Porter nasceu em Buenos Aires, na Argentina, freqüentou a Escuela Nacional de Bellas Artes e radicou-se em Nova Iorque mais tarde. Nos anos 70, seu trabalho tornou-se conceitual e minimalista e consolidou a poética que caracteriza a obra da artista até hoje, muito conhecida por suas pinturas, serigrafias, fotografias e instalações. Exposições recentes incluem as individuais Fotografía y Ficción (Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, 2003), The Space Inside the Mirror (Center for Photography at Woodstock, Nova Iorque, 2000) e The Secret Lives of Toys (Phoenix Art Museum, 2000). Participou da VI Bienal do Mercosul (2007), da Trienal Poligráfica de San Juan (2004) e da VII Bienal de la Habana (2000). No Brasil, seu trabalho participou de exposições como Conversas (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2007) e Heterodoxia (Galeria Marta Traba, Memorial da América Latina, São Paulo, 2004). A artista também mostrou seu trabalho em museus como o Guggenheim Museum (Drama Queens: Women Behind the Camera, 2001), o Museo del Barrio (Latin American Still Life: Reflections of Time and Place, 2000) e o Queens Museum of Art (Conceptualist Art: Points of Origin, 1999). Sua obra figura em importantes coleções públicas, como as do El Museo del Barrio (Nova Iorque), da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), do Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque), do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madri), do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do Museum of Modern Art (Nova Iorque).

20.08.2008 a 20.09.2008

 

terça a sexta-feira, das 10h às 19h
sábados, das 11h às 17h
entrada gratuita